A eleição para a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), marcada para o dia 25 de maio de 2025, promete ser uma das mais acirradas desde 1989. O pleito foi convocado após o afastamento de Ednaldo Rodrigues por decisão judicial, e atualmente dois blocos se articulam em busca de apoio entre federações e clubes.
Bloco das 19 Federações: União do Norte e Nordeste
Um grupo formado por 19 federações estaduais assinou um manifesto conjunto para lançar uma candidatura alternativa. O nome mais cotado é o de Samir Xaud, presidente da Federação Roraimense de Futebol. Apesar de contar com apoio político expressivo, sua origem em uma federação de menor projeção nacional tem gerado certa resistência por parte dos clubes da Série A.
Outros nomes que surgem como opções dentro deste grupo incluem Felipe Feijó (Federação Alagoana) e Ricardo Gluck Paul (Federação Paraense). A articulação busca fortalecer a representação das regiões Norte e Nordeste no comando da CBF.
Reinaldo Carneiro Bastos em Campo
Do outro lado, Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), tenta reunir apoio de clubes e federações que não aderiram ao manifesto das 19. Entre seus aliados estão as federações da Bahia, Pernambuco, Espírito Santo, Minas Gerais, Tocantins, Amapá e Mato Grosso.
Reinaldo já havia manifestado interesse na presidência anteriormente, durante o primeiro afastamento de Ednaldo Rodrigues entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024. Agora, aposta no apoio de clubes insatisfeitos com os rumos da CBF e na força da FPF para consolidar sua candidatura.
Como Funciona a Votação?
A Assembleia Geral da CBF é composta por 67 membros, com pesos diferentes na votação:
27 federações estaduais (cada uma com peso 3) 20 clubes da Série A (cada um com peso 2) 20 clubes da Série B (cada um com peso 1)
No total, são 141 votos. Se as 19 federações mantiverem sua união, o candidato apoiado por elas pode largar com 57 votos, o que pode ser decisivo dependendo do apoio dos clubes.
Intervenção e Incerteza Jurídica
Quem convocou a eleição foi o interventor Fernando Sarney, vice-presidente da CBF, nomeado pela Justiça. Ele garantiu que não será candidato e que busca garantir uma transição transparente.
No entanto, o processo eleitoral pode ser judicializado. Ednaldo Rodrigues entrou com pedido no STF (Supremo Tribunal Federal) para suspender a eleição, alegando que ela não respeita os trâmites internos da CBF e pode resultar em sanções da FIFA e da CONMEBOL contra o Brasil.
O que está em jogo?
Mais do que uma simples troca de comando, essa eleição coloca em jogo a representação regional dentro do futebol brasileiro, a relação entre clubes e federações, e a legitimidade do processo eleitoral dentro da CBF. A disputa reflete não apenas interesses políticos, mas também diferentes visões sobre o futuro do esporte no país.
Fonte: ge.globo.com